Transpirar é sentir e comunicar

Porque transpiramos? Não podíamos simplesmente não transpirar? 
Sim, claro, transpirar serve para regular a temperatura interna, pois no fundo somos uma termomáquina que necessita de regular a sua temperatura, ou não fosse falhar o funcionamento de qualquer uma dos nossos muitos órgãos – qual orquestra sempre afinada e, constantemente, controlado por um maestro que é o verdadeiro cérebro de tudo. Mas não será transpirar também um modo de comunicar, de expressar sentimentos e acções? O nervosismo, o cansaço e o esforço tornam-se adjectivos corporais via transpiração. E não nos enganará também a transpiração? 
Sim, obviamente que sim, engana quem transpira e quem vê transpirar. Primeiro porque nem sempre é evidente o motivo pelo qual os outros transpiram. Em Segundo, porque nem quem transpira sabe, por vezes, a razão para a sua própria transpiração e, pior ainda, está longe de a controlar. Assim, transpirar é natural, é algo primordial na nossa natureza, mas é também comunicar, premeditadamente e involuntariamente. Transpirar revela também as nossas fragilidades de falta de controlo – tão próprias da condição humana. Por vezes há odores quem incomodam a quem vai produzindo.

1 comentário:

  1. Interessante, o texto!

    Nunca poderíamos não transpirar, seria falha de conhecimento, do sentir e do comunicar.
    Expressar sentimentos deambulando entre acções, podem-nos nos enganar, sim. A quem transpira e a quem vê transpirar. Pensar, reflectir, conjugar ideias, sentir cada gotinha de pensamento, cada engano e desengano perante a quem transpira e a quem vê transpirar. É mais fácil controlar a si próprio, mesmo não sabendo o motivo, mas observar o outro nem sempre é transponível em nós, no nosso pensamento. Transpirar revela fragilidades e,também a fortaleza do nosso sentir.

    Lumena Oliveira

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