A Revolta da Literatura


As palavras escritas começaram a ouvir-se.
Outrora mudas, agora, devido à urgência, ouviam-se!
Ecoavam pelas estantes, em jeito de barafunda.
Desta, e daquela, prateleira a revolta era oriunda.
Queriam escapar à sorte moribunda de serem esquecidos.
Uniram-se, sentindo-se desesperados e perdidos.
Estavam habituados a ser incompreendidos,
Mas perante da redundante crise sabiam do seu potencial,
Sabiam como poderiam ajudar a vencer a estupidez habitual.
Só precisavam que os ouvissem, pensando e lendo.
Da frustração veio a rebelião à ignorância que era escravidão.
Juntaram todas as suas palavras escritas, concordantes e discordantes.
Queriam que soubessem do depois e o antes,
O bem e o mal, o sim e o não, isolados ou misturados.
Exigiram ser compreendidos e lidos, talvez racionalmente amados.
Queriam, acima de tudo, ser reconhecidos,
Para além das capas e cores em que se erguiam envolvidos.
Queriam que deles e com eles aprendessem, ser lidos para serem ouvidos.
Queriam ser ultrapassados e questionados, não simplesmente satisfazer,
Que os seus conhecimentos embutidos servissem para mais do que ler.
Por menos que isso, todos os livros do país uniram-se!
Os outros pouco neles procuravam o remédio, por isso manifestaram-se!
Queriam que os tais outros percebessem que a sua compreensão
Ajudaria a compreender tudo e os seus porquês,
E à construção depois da confusão.
Ainda noutros livros se há de registar se foi ou não em vão…

Sem comentários:

Enviar um comentário